30 horas: PEC 6×1 reacende debate sobre redução da jornada de trabalho da enfermagem
No momento em que o debate sobre o fim do regime 6×1 e sobre os excessos de jornada dominam, a relação direta entre longos expedientes e acidentes de trabalho não vem recebendo a devida atenção.
Enquanto os defensores da proposta focam no impacto sobre a qualidade de vida das milhões de pessoas privadas de um fim de semana completo, os críticos “batem na tecla” de que a redução da jornada, sem diminuição dos salários, causaria aumento no custo do trabalho e redundaria, no fim das contas, em inflação.
Um levantamento da Repórter Brasil, mostra que, das 20 ocupações com mais notificações de acidentes em 2022, 12 também aparecem na lista das 20 categorias com o maior número de contratos de 41 horas ou mais.
Os técnicos de enfermagem sofreram 36.532 acidentes naquele ano — campeões absolutos desse ranking. Já enfermeiros responderam por 8.687 registros e assistentes totalizaram 5.488. Juntas, essas três categorias lideram o ranking de acidentes de trabalho no país, com mais de 50 mil ocorrências no ano de 2022, segundo dados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Uma assustadora média de 138 registros por dia.
Muitos podem argumentar que o trabalho nessa área é, por natureza, de alto risco. O contato permanente com instrumentos cortantes e material biológico infectante expõe profissionais a uma série de lesões e doenças. Por isso, é essencial investir em treinamento e garantir Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados.
Tudo isso é verdade. Mas também é preciso levar em conta que profissionais da área da saúde estão submetidos a jornadas intensas.
A escala 12×36 — em que as pessoas trabalham doze horas seguidas e (supostamente) descansam por um dia e meio — é bastante comum nesse meio. Sem falar nos plantões de 24 horas.